Encerrada a campanha salarial, mais uma vez
obstaculizada por PT, PCdoB e PSTU, é preciso extrair as lições para reorganizar
a categoria para os próximos embates
Enfraquecido, mas não completamente derrotado, o
bloco pelego fez de tudo para impedir o desenvolvimento da luta dos
trabalhadores dos Correios e impor uma derrota à categoria, a qual somente não
foi pior devido a oposição que conseguiu realizar a greve e impedir a tentativa
de entregar importantes conquistas dos trabalhadores
A
pauta
A Pauta de Reivindicações da categoria foi fruto
de uma discussão no XI Contect (Congresso Nacional dos Trabalhadores dos
Correios). A questão da Pauta foi a primeira derrota do bloco traidor que até
então era maioria na Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos
Correios).
A ala representada pela Articulação Sindical/PT e
PCdoB defendeu que a base da Pauta de reivindicações dos trabalhadores deveria
ser o Acórdão de 2011, ou seja, o Acórdão que o TST (Tribunal Superior do
Trabalho) impôs goela abaixo dos trabalhadores e que representou a derrota da
greve de 28 dias. O bloco de oposição defendeu uma Pauta baseada nas
reivindicações da categoria e foi vencedora da votação no
Congresso.
Assim nasceu a atual Pauta da Fentect. O índice
de 43,7% e todas as demais cláusulas foram decididas a partir de um acordo entre
os diferentes grupos políticos.
Ficou decidido ainda que os trabalhadores
poderiam participar da elaboração da Pauta nas assembleias de base até o dia do
seu protocolo na empresa. Essa Pauta de Reivindicações não foi obra isolada da
cabeça de um indivíduo, mas é fruto de um amplo debate, de uma luta política
contra os traidores que defendiam o Acórdão do TST.
A campanha contra a
pauta
Desde o primeiro momento, a direção da ECT
começou uma campanha dizendo que a pauta era exagerada e fora da realidade. O
que eles queriam dizer é que não estavam dispostos a dar nada aos trabalhadores.
Os sindicalistas do PT, sob o comando da direção da ECT começaram uma campanha
dizendo que a pauta era um exagero. O intuito era desmoralizar a campanha
salarial e preparar o espírito dos trabalhadores para aceitar o que a direção da
ECT tinha a oferecer, ou seja, nada.
Este é um truque típico dos patrões e dos
pelegos, que muitos trabalhadores não aceitaram, mas que confundiu e arrastou o
setor mais vacilante e mais inexperiente do bloco de oposição composto por
dirigentes sindicais do MRL como Goiás e Paraná.
A idéia de que os trabalhadores estão pedindo
“demais” é uma típica ideia patronal. Para os patrões, os trabalhadores devem
regular suas reivindicações pelas necessidades da empresa e não pelas suas
próprias necessidades e a pauta deve ser elaborada de tal forma para que seja
aceitável para os patrões.
Todo movimento sindical combativo e classista
sabe que os interesses dos trabalhadores e dos patrões são opostos e impossíveis
de conciliar e que somente por meio da luta os trabalhadores podem conseguir o
que precisam. Os patrões não entendem outra linguagem a não ser a
força.
O plano de
lutas
Uma ampla discussão entre os trabalhadores também
aprovou o plano de mobilização da campanha salarial. As discussões sobre o
calendário de lutas começaram no Congresso da categoria e foi referendado pelas
assembleias em todos os estados.
Da mesma maneira que a Pauta de Reivindicações da
categoria, o plano de lutas foi debatido entre todos os grupos políticos
componentes do bloco de oposição, que foi vitorioso no Congresso, mas também do
bloco traidor.
No calendário de lutas foi chegado a um acordo
sobre as datas das assembleias, foram aprovadas assembleias da Fentect no Rio de
Janeiro e em São Paulo para unificar a categoria e combater os divisionistas e o
mais importante, foi aprovada a data de início da greve para o dia 11 de
setembro.
O sentido desse plano de luta era o de que o
bloco de oposição deveria puxar a mobilização contra o sindicalismo pelego,
apelando para a base dos trabalhadores. Este fato não foi compreendido por uma
parte da oposição que acabou por subordinar a mobilização a um acordo fantasioso
com os pelegos do PT e do PCdoB enfraquecendo a mobilização de
conjunto.
As
negociações
Todas as discussões ocorridas desde o Congresso
não foram simples, mas foram um esforço para manter a unidade da Federação e ao
mesmo tempo impor a política do bloco de oposição que agora é maioria na
Fentect.
A empresa se aproveitou do momento de transição
política na Federação e começou a demonstrar sua intransigência. Marcou reuniões
unilaterais, nas quais os representantes dos trabalhadores não poderiam
participar, para fazer a campanha caluniosa na categoria de que a Fentect não
queria negociar. Em várias ocasiões os representantes da Fentect protocolaram
documentos explicando que a data de início das negociações de acordo com o que
foi aprovado pelos trabalhadores era o dia 26 de julho e denunciando a tentativa
da ECT de passar por cima da categoria.
No dia 26 foram iniciadas as negociações. Durante
todo o tempo, a empresa mostrou que não estava disposta a negociar seriamente.
No início, o Comando de Negociação dos trabalhadores teve que exigir que a
empresa discutisse ponto por ponto as cláusulas da Pauta.
No dia 2 de agosto, ignorando as reivindicações
da categoria, a empresa apresentou um reajuste que foi considerado uma
provocação: 3%. Os trabalhadores rejeitaram amplamente esse deboche da
empresa.
Diante da indignação do trabalhador, no dia 5 de
setembro a empresa apresentou mais um proposta que foi igualmente considerada
como uma provocação: 5,2% de reajuste e mais nada.
Durante todo esse período, o bloco pelego fez
novamente a campanha da empresa, acusando o Comando de Negociação de não querer
negociar mesmo quando era absolutamente evidente que a empresa não negociaria
nada. Fizeram isso para gerar nos trabalhadores a expectativa em negociações que
nunca aconteceram, procurando enfraquecer a tendência à
mobilização.
No dia 11, a greve começou em Minas Gerais e no
Pará. No dia 13, em mais uma demonstração de intransigência, a ECT protocolou
dissídio contra a Fentect no TST, encerrando definitivamente as possibilidades
de negociação.
PCdoB fica fora das
negociações
Antes do Congresso da Fentect, a ala mais em
crise de toda a burocracia, justamente por ser a mais patronal, o PCdoB, rachou
o movimento nacional e saiu da Fentect.
Conforme foram se desenvolvendo os
acontecimentos, ficou claro que a divisão foi uma política incentivada
diretamente pela direção da ECT, mais especificamente pelo líder da Comissão de
Negociação da empresa, o ex-sindicalista que virou chefe, Luiz Eduardo do
Ceará.
O objetivo da empresa e da burocracia era retirar
da campanha salarial os dois maiores sindicatos da categoria, o Sintect-SP e o
Sintect-RJ. Em parte, essa manobra patronal foi bem sucedida na medida em que
gerou uma enorme confusão na categoria.
A empresa utilizou os quatro sindicatos
divisionistas (São Paulo, Rio de Janeiro, Bauru e Tocantins) para tentar
chantagear a Fentect nas negociações. Enquanto a Federação era caluniada, os
divisionistas eram elogiados. A empresa convidava os quatro sindicatos para
reuniões com o único objetivo de confundir o trabalhador, ao mesmo tempo em que
reconhecia em diversos documentos oficiais que a única que seria capaz de
negociar e assinar o acordo coletivo era a Fentect.
Tudo se confirma na reta final da campanha
salarial, em que é a Fentect que participa das reuniões no TST e a empresa está
sendo obrigada a pedir para a Federação deixar os sindicatos divisionistas
participarem.
A manobra patronal do PCdoB nos sindicatos de São
Paulo e Rio de Janeiro tem que ser entendida sob diversas formas pelos
trabalhadores.
Em primeiro lugar, a empresa incentivou a divisão
das duas maiores bases sindicais para confundir a categoria na campanha
salarial. Essa cartada foi dada como resposta à enorme tendência de luta dos
trabalhadores já demonstrada na greve passada.
Em segundo lugar, tanto a burocracia sindical
como a direção da ECT previam o fortalecimento da oposição nacional e de uma
política combativa dentro da Fentect, o que foi comprovado pela vitória no
Congresso. A saída de São Paulo e Rio de Janeiro com total apoio da máquina da
empresa, foi a tentativa de garantir que o movimento nacional não ficasse
completa e definitivamente nas mãos dos setores combativos da categoria. Foi
para isso que serviu a confusão gerada pelos divisionistas.
Em terceiro lugar, a saída dos sindicatos de São
Paulo e Rio de Janeiro é a expressão mais acabada da crise terminal da
burocracia sindical. A ala mais em crise é justamente o PCdoB/CTB na diretoria
desses dois sindicatos. A revolta da categoria contra essas diretorias pode ser
medida pelo tamanho da ditadura patronal imposta pelo PCdoB dentro desses
sindicatos. A saída da Fentect foi uma tentativa do PCdoB de ganhar uma
sobrevida diante das inúmeras traições.
Como foi possível verificar, a revolta apenas
aumentou, o que obrigou o PCdoB a fazer assembleias fechadas, com capangas e
todo o tipo de aparato policialesco para impedir a participação dos
trabalhadores.
A posição da Fentect também foi decisiva para
aumentar ainda mais a crise dessa burocracia. Foram feitas quatro assembleias em
São Paulo e no Rio de Janeiro. Em São Paulo, na Praça da Sé, o PCdoB contratou
capangas para agredirem os trabalhadores presentes, o que só aumentou sua
crise.
As assembleias e o trabalho de imprensa e
agitação realizados pela Fentect nos dois estados serviram para esclarecer os
trabalhadores e pressionar o PCdoB, que foi inclusive obrigado a decretar a
greve.
O comando de
mobilização
A maior vitória obtida pelos trabalhadores no
Congresso da Federação foi a mudança no Comando de Negociação da campanha
salarial. O Comando, que antes era composto por apenas sete membros, foi
transformado em um Comando amplo de mobilização e negociação com seis membros da
diretoria da Fentect mais um representante de cada sindicato, ou seja, 41
membros.
Esse novo Comando garantiu o maior controle dos
trabalhadores nas decisões da campanha salarial.
O mais importante de tudo: foi o fim do balcão de
negócios na campanha salarial, em que a empresa comprava sindicalistas para
aprovar acordos prejudiciais aos trabalhadores.
O Comando, como era de se esperar, atuou de
maneira contraditória, refletindo a pressão da ala revolucionária da categoria e
da ala oportunista, mas mostrou que é o melhor caminho para a evolução da
categoria apesar dos dois grandes erros cometidos, sob influência do peleguismo,
que foram:não cumprir o calendário de mobilização, decisão tomada pelos
sindicatos sem discussão no Comando; e o rebaixamento da pauta.
A reunião do
Colegiado
O novo comando de mobilização e negociação foi
atacado várias vezes pela burocracia sindical do PT, PSTU e PCdoB. Primeiro, o
bloco minoritário da Articulação Sindical/PT boicotou a participação no Comando,
enviando poucos representantes.
Depois, esse mesmo bloco iniciou uma campanha
defendendo a todo o custo a reunião de diretoria colegiada. O objetivo era
tentar tirar a campanha salarial do controle do novo Comando de
Negociação.
O bloco minoritário esperava reverter a maioria
de um voto do movimento de oposição e dar um golpe na campanha salarial. A
tentativa de golpe foi completamente mal sucedida e a reunião da diretoria
colegiada terminou com o bloco minoritário se retirando. O golpe tinha como
objetivo adiar a data da greve, prevista para o dia 11, e rebaixar a pauta de
reivindicações.
O PCdoB adia a data da
greve
Depois da fracassada tentativa da Articulação/PT
de adiar a greve, foi a vez dos do PCdoB/CTB tentar a mesma manobra patronal. Os
sindicatos divisionistas adiaram a greve para o dia 18.
A jogada teve efeito no restante da burocracia,
acompanhada por uma ala vacilante do bloco de oposição: a FNTC, representada
pelo Sintect-PE, e o MRL, representado pelo Sintect-GO e PR. O recuo dos demais
sindicatos deixou os trabalhadores de Minas Gerais e do Pará isolados na
greve.
O adiamento da greve foi o primeiro golpe sofrido
pela mobilização, já que deixou o movimento nacional a reboque dos traidores do
PCdoB.
PCdoB rebaixa a sua
proposta
Antes do adiamento da greve, o PCdoB já havia
preparado mais um golpe na mobilização. Um dia antes de a empresa apresentar a
proposta de reajuste de 5,2%, os divisionistas apresentaram uma proposta ainda
mais rebaixada e muito parecida com a proposta da empresa.
A inciativa do PCdoB de rebaixar a pauta foi
elogiada pela empresa, que mesmo assim não aceitou a proposta.
Mais uma vez o PCdoB tomava a frente na política
patronal.
PSTU apoia
PCdoB
Fora da Fentect, o PSTU/Conlutas apoiou todas as
iniciativas do PCdoB. Boicotou as assembleias da Fentect no Rio e em São Paulo e
defendeu abertamente a proposta de adiamento da data da greve para o dia 18.
Geraldo Rodrigues do PSTU chegou a declarar em uma assembleia da Fentect em São
Paulo que haviam mil trabalhadores na assembleia da máfia sindical do PCdoB,
assembleia de capangas e detectores de metal.
Este setor desde o começo defendeu que o
movimento nacional deveria estar a reboque dos traidores de São Paulo e Rio de
Janeiro.
PT fecha um acordo para
salvar o PCdoB
A Articulação/PT foi o segundo grupo a boicotar
as iniciativas da Fentect. Foi feito um acordo com o PCdoB para participar das
assembleias da máfia em São Paulo e no Rio de Janeiro. Essa política salvou o
PCdoB da falência total, já que as assembleias da Fentect estavam cada vez mais
pressionando os divisionistas e esclarecendo os trabalhadores.
Com isso, Articulação/PT passou a ficar a reboque
do PCdoB. Foi uma manobra que serviu para salvar a própria empresa de uma
iminente mobilização em São Paulo e Rio que seria decisiva para derrotar a
burocracia e a empresa.
A vez do PT adiar a data da
greve
Com o adiamento da greve pelo PCdoB a
Articulação/PT aproveitou para colocar em prática sua política e rachar o
movimento em três partes. A maior parte dos sindicatos dirigidos pelo PT adiaram
a greve apenas para o dia 25 de setembro, ou seja, uma manobra para desmobilizar
completamente os trabalhadores. Tanto que a maioria dos sindicatos dirigidos
pelo bloco minoritário da Federação quase não aderem à greve. Foi só pela
pressão da base e nas vésperas do julgamento do dissídio.
A greve do dia 11 e a crise
do bloco de oposição
A greve no dia 11 de setembro foi fruto de uma
ampla discussão entre as organizações políticas desde o Congresso da Federação.
O calendário foi discutido em assembleias e em todas as reuniões feitas pelo
bloco de oposição (maioria da Fentect). A proposta era forçar a mobilização
nacional para ajudar os trabalhadores da base de São Paulo e Rio de Janeiro a
arrastar os divisionistas para a greve.
Chegado o dia 11, sem nenhuma discussão, a greve
foi adiada para o dia 18, deixando o movimento a reboque do PCdoB, justamente o
contrário do que deveria ter ocorrido.
O adiamento por setores do bloco de oposição
mostrou claramente uma ala mais direitista dentro do bloco. Os principais
defensores do adiamento da greve dentro do Comando foram os sindicatos ligados à
Federação Anã, liderados pelo Sintect-PE, e o Sintect-GO, ala direitista do MRL
(Movimento Resistência e Luta).
Esse racha à direita do bloco de oposição deixou
claro que a única política possível é a total independência dos tradicionais
pelegos. Deixar o movimento nacional a reboque do PCdoB foi a manobra que a
direção da empresa contava para desmobilizar os trabalhadores.
A FNTC, diante da vitória do bloco de oposição,
foi obrigada a recuar da política divisionista. O PSTU ficou de fora da Fentect,
mas os representantes da chamada Federação Anã (Sintect-PE, Sintect-SJO e
Sintect-VP) que continuaram na Federação, influenciados pela política
divisionista do PSTU/Conlutas, iniciaram uma política de boicote às iniciativas
do bloco de oposição. Tanto que foi por iniciativa do secretário-geral do
sindicato de Pernambuco, Hallisson Tenório, que iniciou-se uma política de
defesa do rebaixamento da pauta e do adiamento da greve. O serviço patronal do
bloco PT-PCdoB dentro da Fentect e do movimento de oposição.
A importância da greve em
Minas Gerais e Pará
Apear de todo o boicote, os trabalhadores de
Minas Gerais e do Pará iniciaram a greve no dia 11 de setembro, de acordo com o
calendário da Federação.
A diretoria do Sintect-MG, da corrente Ecetistas
em Luta (PCO), defendeu e mobilizou os trabalhadores para a greve. Já no Pará,
os trabalhadores da base passaram por cima da diretoria do Sindicato, da
Articulação Sindical/PT, e aprovaram a greve.
A mobilização dos companheiros do Pará e de Minas
Gerais teve importância fundamental como arma contra a desmobilização que a
empresa, junto com os traidores, queriam gerar com o adiamento da greve. Se
esses dois estados não estivessem entrado em greve, o adiamento da greve teria
sido fatal para a desmobilização geral dos trabalhadores. Provavelmente sequer
teria havido greve e os trabalhadores teriam sido obrigados a engolir, sem
nenhuma luta, os miseráveis 5,2% da empresa.
A greve do dia
18
Finalmente, no dia 18, a burocracia sindical,
pressionada pela greve no Pará e em Minas Gerais, foi obrigada a aprovar a greve
nos principais estados. Os companheiros do bloco de oposição que haviam vacilado
com a data da greve, aprovaram a paralisação e o movimento nacional começou aos
trancos e barrancos.
Em São Paulo a diretoria da máfia sindical do
PCdoB foi à assembleia com a ideia de não aprovar a greve. Os trabalhadores,
mesmo com todo o controle da assembleia, obrigaram os pelegos a aprovarem a
greve.
Mesmo com todo o esforço da burocracia e da
empresa para boicotar a mobilização era visível a tendência de luta dos
trabalhadores e a revolta generalizada contra a diretoria do sindicato. A mesma
coisa no Rio de Janeiro e nos sindicatos dirigidos pela
Articulação/PT.
O PT pressiona pelo
rebaixamento da pauta
A partir do momento que o movimento nacional
ficou a reboque dos traidores, o PT começou a pressionar pelo rebaixamento da
Pauta dentro do Comando de Negociação.
Quanto menos a empresa rejeitava, mais o PT
pressionava para que os trabalhadores defendessem uma pauta rebaixada. Essa é a
estratégia do PT e dos pelegos para encerrar a greve. Apresentar uma pauta que
nada tem a ver com as reivindicações dos trabalhadores e levar a greve à
derrota.
Ficou claro nesta campanha salarial que o
rebaixamento da pauta é uma jogada casada com a empresa para desmoralizar a
perspectiva de luta real dos trabalhadores.
O rebaixamento não levou a campanha adiante, mas
enfraqueceu a greve e concentrou toda a atenção dos sindicatos na possibilidade
totalmente ilusória de uma negociação com a empresa, o que nunca
aconteceu.
O rebaixamento da pauta serve também para
confundir os trabalhadores que a longo prazo começam a acreditar que as
campanhas salariais só podem conseguir migalhas, desmoralizando cada vez a
perspectiva de luta.
No final, a política de rebaixamento, defendida
pela ala direita do MRL, Federação Anã e os pelegos do PT levou a luta a um beco
sem saída e ao enfraquecimento da mobilização.
As audiências no
TST
Nas duas audiências do TST a própria experiência
mostrou o que significa rebaixar a pauta. A ministra do TST apresentou uma
proposta super rebaixada de 5% mais R$ 80,00 de aumento linear. Mesmo assim a
empresa recusou. Em outra reunião, o TST apresentou quatro propostas e a empresa
continuou se recusando a aceitar e deixou claro que pretende mexer no plano de
saúde da categoria. A campanha salarial foi para o julgamento onde a situação
somente não foi pior devido à mobilização realizada.
O bloco PT-MRL rebaixa a
pauta
Após a primeira reunião de conciliação no TST,
formou-se um bloco dentro do Comando de Negociação pelo rebaixamento da pauta.
Articulação/PT e MRL defenderam um rebaixamento da pauta muito próximo da
primeira proposta feita pela ministra do TST e rejeitada pela
empresa.
No rebaixamento da pauta aprovado pelo PT-MRL
estava prevista justamente a manutenção do Acórdão do ano passado, ou seja,
jogaram no lixo a luta dos trabalhadores contra a ditadura do TST e contra o
PCdoB no Congresso da Fentect, que queriam impor o Acórdão.
Rebaixar a pauta não surtiu nenhum efeito. A
empresa continuou recusando as propostas rebaixadas feitas pelo próprio TST e a
campanha foi para julgamento.
A conclusão dessa
campanha: luta x rebaixamento da pauta
A greve desse ano mostra mais claramente do que a
do ano passado que a única arma dos trabalhadores é sua luta e mobilização. A
luta é para arrancar da empresa o máximo possível enquanto a empresa tenta
diminuir ao máximo os ganhos do trabalhador.
Não adianta abaixar a guarda para os patrões. O
que poderá garantir a vitória da categoria é sua medida de força com os patrões.
A greve é a maior arma dos trabalhadores contra as inciativas dos patrões e dos
tribunais de atacar os direitos da categoria.
O movimento dos Correios enfrenta a seguinte
situação: ou se organiza e prepara os trabalhadores para enfrentar a ditadura do
TST e da empresa ou ficará anos sem qualquer conquista efetiva na campanha
salarial.
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